Thursday, December 14, 2006

Mais uma taça de sangue! Brindemos!

Me chamou pra ver os azulejos novos, e a porcelana da banheira.
Me distrai, e quando dei por mim ele já havia enfiado o punhal nas minhas costas.
Estranhei a dor no começo, mas depois a distingui.
Era a velha dor conhecida há tempos.
Sentei no chão e a poça vermelha começou a se formar ao meu redor.
A dor. A dor era tão grande que parecia que não havia mais nada ali, nem em lugar nenhum, só dor, nem desespero havia, só dor, inundando, tomando conta, invadindo.
Olhei pra porta. Ele já havia ido embora, e dessa vez creio que demorará mais pra voltar. Ou não voltará nunca mais.
Pena ele não ter um revólver.
Talvez eu preferisse não ter sobrevivido.
Continuo aqui, sentada, a poça vermelha me cercando, o frio do azulejo, o gosto amargo na boca.
Sozinha, agora vou esquecendo do seu rosto gradualmente, e conhecendo pessoas novas que soam mais interessantes que a sua presença matinal. Eu converso mais sobre música, sobre bom gosto. Faço piada, e até sorrio daquela forma mentirosa de sempre.
Mas às vezes estranho. E apesar de tudo o que houve eu sinto a sua falta. E me pergunto o que seria de nós se tudo tivesse saído como planejávamos.
Tempo perdido. O tempo não volta.
E eu também não voltaria.
Agora preciso ir...
Tenho que ir ali dar mais corda pra mais um tolo se enforcar.

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