Thursday, November 30, 2006

Hoje não

Hoje não vou falar sobre você.
Sobre a falta que você me faz, ou sobre o mal que você me fez ao entrar na minha vida, ou sobre sonhos de um futuro bom contigo.
Não vou falar sobre a minha vontade de acordar todos os dias ao teu lado, tocar a sua pele tão branca e olhar fundo nos teus olhos castanhos de calmaria.
Não quero falar sobre a alegria de te ver, das nossas risadas e segredos. Dos nossos comentários maldosos, sobre estarmos acima do bem e do mal.
Não vou falar sobre nossa conjugação, sobre nossa complementação, nossa perfeição.
Éramos feitos um para o outro.
Éramos inseparáveis e indissolúveis.
Éramos para sempre.
E o pra sempre de repetente acabou.
Mas eu não quero falar sobre isso.
Não vou falar de você.
Não quero pensar em você.
Embora pra conseguir tudo isso precise esquecer de mim.

Sunday, November 26, 2006

Ultraviolence

Não posso negar que gosto quando você me empurra prendendo na parede, forçando olhar seus olhos verdes flamejantes de raiva incontida.
E me diz que está farto das minhas mentiras e do meu pouco caso com os teus sentimentos.
Então eu tento te beijar e você vira o rosto, dizendo que está tudo acabado, que não me quer mais e me manda embora com os olhos cheios de lágrimas.
E quando vou calada em direção a porta, você vem correndo, me abraça, me beija e não me deixa mais ir embora.
Depois, deitados no tapete branco e macio da sala você confessa que tem vontade de me matar, e eu respondo: Eu também meu amor, eu também.

Tuesday, November 21, 2006

Diariamente

Amanhecer acordada, café aos litros, enjôo, falta de concentração, saudades, lembranças, mágoas, a vontade de vomitar vem forte, cigarros, mas café, mais saudades, mais lembranças, mais mágoas, comparações inevitáveis, perguntas sem respostas, hipóteses da concordância assintôtica, coeficientes de agrupamento, análise de alternância, clustering, e eu fui até o inferno por você, alfa, beta, gama, delta, você fechou a porta da saída, isquemia neural temporária, matriz teste, eu só queria te esquecer, estandardização, às vezes eu tenho vontade de dar um tiro na minha própria cabeça, duplo estado ou binário, e mais uma vez o dia chega e eu ainda estou acordada.

Sunday, November 19, 2006

Just a perfect day!

Sento na cadeira de descanso démodé que você insiste em deixar ao lado da cama.
Sento ali só pra te ver dormir, tão tranqüilo depois de tudo.
Em seu peito nu vejo a cicatriz do lado esquerdo, que você brinca dizendo que foi deixada ali quando eu roubei o seu coração.
Gosto dos cachos negros de cabelos que caem sobre seu rosto angelical.
Sua barba por fazer.
Suas mãos de médico, inconfundíveis.
Gosto da medalhinha, presente de seu último aniversário, que você jura nunca tirá-la.
Gosto desse tempo nublado, na manhã de domingo.
Gosto da garoa fina que escorre pela janela.
A paz que transborda no silêncio.
Que inunda a sua decoração cult e seus dvd´s franceses.
O que mais me encanta é nossa falta de compromisso, nosso trato de não sofrer.
Nos amamos, mas não nos pertencemos.
Me dá vontade de cantar “Perfect Day” pra você.
Você desperta e começa tudo outra vez.
E eu esqueço que tudo vai acabar no final da tarde.
Melhor assim.
Eis o nosso trato de não sofrer.

Saturday, November 18, 2006

Mentiras

Eu posso mentir se você quiser.
Te iludir e eventualmente até dizer que te amo.
A escolha é sua.
Só não venha cobrar coisas que eu não posso te dar, enquanto segura nas mãos ensangüentadas um coração partido.
Tenho por hobby partir corações, e com o seu não será diferente.
E se tudo acontecer como o previsto eu apenas vou dizer: Eu sinto muito. Com a voz embargada de uma pseudocondolência.
E no fundo eu sinto, de verdade e profundamente.
Porque cada coração despedaçado que vêm me mostrar é a lembrança da morte do meu próprio coração.
Eu não faço por mal.
Eu juro que nunca foi por mal.
Eu nunca te quis mal.
E mal posso esperar pra te ver chorar.

Thursday, November 16, 2006

Questões...

Há tantas perguntas sem respostas em mim.
Perguntas que eu sei que jamais terei coragem de fazer.
Pra não parecer fraca, ou infantil, me comportando como quem não aceita o fim.
Não, não vou fazer isso.
Preciso respirar e acreditar que não me importo.
Preciso respirar e acreditar que não me importo.
Respirar e acreditar que não me importo.
Que não sinto tua falta.
Que não sinto tua falta.
Eu não sinto tua falta.
Acreditar que esse meu riso fácil é verdadeiro.
Marquei um encontro com o tempo, pra ver se resolve.
Pra esquecer essa urgência de ter você, saber de você, amar você pelo resto da vida como havíamos combinado.
Há tanta coisa que eu não consigo entender.
E que eu sei que nunca vou compreender.
Queria as respostas, apesar de ter medo delas.
(e hoje me deu vontade de ficar sentido o cheiro da tua respiração, como eu fazia, ficar de olhos fechados, encostar o meu nariz no seu e sentir aquele cheirinho que eu conheço desde sempre)




Tuesday, November 14, 2006

Desejos

Às vezes acho que me minha vida seria mais feliz se eu tivesse menos insônia e mais esperança.

Saturday, November 11, 2006

Vai doer mais em mim do que em você.

A minha vontade na hora era sair correndo, mesmo estando descalça e despida.
Correr pelo asfalto molhado, gritando por um socorro que eu sabia que jamais chegaria.
A forma como tudo aconteceu foi muito cruel.
Foi crueldade demais.
Minha cabeça dava voltas.
As feridas reabriam e sangravam.
A dor era tão grande que quase me fez perder os sentidos.
Na verdade eu perdi os sentidos.
E a vontade de continuar também.
Porque você se foi e levou consigo metade de mim.
Pra me completar eu comecei com 25mg.
Depois 50, 75, 100...
E eu sei que mesmo se eu tomar um sem fim de mg não vai resolver.
O silêncio durou duas semanas, que duraram uma eternidade.
O silêncio me incomodou, e me incomoda até agora.
É porque a Tarantela nunca mais soou nos meus ouvidos.
Nunca mais eu tive vontade de amar ninguém.
O que eu faço com os nossos segredos?
Com todos esses planos que você deixou pra trás?
Com as nossas brincadeiras e códigos secretos?
Eu nunca desejei nada do que você me deu.
Eu nunca desejei nada do que aconteceu.
E eu sei que não queria nada do que vai acontecer.
Não me odeiei, nunca me odeie, porque eu gosto tanto de você.

Thursday, November 09, 2006

Ela era outra.

Muito diferente dessa que se olha no espelho escondendo as lágrimas que teimam em cair.
Diferente dessa que ensaia o sorriso pra disfarçar a dor dilacerante.
Seu desejo era voltar a ser o que era antes.
Infelizmente a outra, a de antes já não cabe mais em si.
Melhor assim, pelo menos não irá cometer os mesmos erros.
Seu desafio agora é matar essa, a que chora e sofre, e deixar que outra chegue.
Outra melhor, ou pior, nunca se sabe.

Só sabe que deve mudar, e rápido, antes que sufoque.

Monday, November 06, 2006

Será?

Será que eu realmente consigo enganar alguém quando digo que tudo está bem?
Será que meu sorriso fácil e minhas piadas ácidas convencem de que eu estou realmente feliz?
Será que alguém consegue ver o desespero que escondo por trás dos meus olhos felizes?
Será que a dor que transborda de mim é visível?
A dor de trezentas e dezesseis facas cravadas simultaneamente no meu peito.
E será que se alguém percebesse iria realmente se importar?
Acho que não, porque nem eu me importo.

Sunday, November 05, 2006

Agora entendo

Agora eu entendo porque estendo minhas mãos com as palmas viradas para cima, enquanto você me olha com seus grandes olhos castanhos e um sorriso carinhoso, tira uma faca de serrinha do bolso esquerdo da calça jeans e corta meus pulsos devagar.

Saturday, November 04, 2006

Constatações

Eu sei que vou me machucar cada vez que a lâmina desliza sobre minha pele branca, ou lembro de coisas que já devia ter esquecido, ou procuro saber coisas que nunca deveria e que vão doer em saber.
Mas mesmo assim eu faço, cada uma dessas coisas, sem piedade de mim mesma.
Talvez eu goste mesmo de sofrer.

Thursday, November 02, 2006

Texto corrido

Feliz vai ser o dia em que você não vai estar assim nos meus pensamentos como moscas varejeiras em cima de carniças podres a tua lembrança é algo que está realmente me incomodando a ponto de eu querer matá-lo como já o matei várias e várias vezes de diversas formas sem piedade e sem misericórdia assim como eu me matei várias e várias vezes de diversas formas sem piedade e sem misericórdia estou perdida em mim mesma e a tua presença me faz ter vontade de me trancar no armário do banheiro e ficar sentindo o cheiro forte do anti-séptico bucal (ponto)

Constatações!

A certeza de que não iriamos ficar junto eu já tinha.
Só não sabia quando, nem como.
O destino foi cruel comigo.
Te trouxe, e contigo trouxe a felicidade.
E numa manhã, a beira do mar me disse que você não era meu.
Você não percebeu, mas cada vez que me despedia era como se fosse a última vez.
Cada beijo era como se fosse o último.
O engraçado que nem lembro qual foi realmente o último.
Nem do gosto do teu beijo eu lembro mais.
Foi tudo em vão.
Será que alguém já ocupou meu lugar?
Será que alguém já te olhou como eu te olhava, e mordeu o lábio inferior, como eu mordia?
Será que alguém já ficou te olhando dormir, como eu fazia?
Não diga nada.
Porque eu não quero saber a resposta.

Wednesday, November 01, 2006

Imagens nos seus olhos

Das imagens que seus olhos refletiam lembro claramente do meu rosto vermelho.
Dos meus olhos encarnados e molhados, transbordando desespero.
Das minhas mãos tremulas, da tontura, da vontade de vomitar.
Lembro de ver refletido em seus olhos todas as mentiras que perderam a razão.
Das imagens que meus olhos refletiam lembro claramente do seu rosto sem expressão.
Dos seus olhos vazios e distantes, transbordando indiferença.
Das suas mãos apáticas, da ausência, mas a vontade de vomitar persistia.
Lembro ver refletido nos meus olhos as verdades que não aconteceram, e que por fim viraram apenas ilusões.