Tuesday, October 31, 2006

Plágio!

Foi quando começou.
Meus lábios, amortecidos.
A cabeça girando, girando, girando num carrossel fantasmagórico que não me deixava raciocinar, o mundo perdendo o contorno aos poucos, ficando desbotado, aquele gosto amargo subindo pela garganta,e o monstro que se agitava dentro de mim, me devorando pela barriga, me engolindo de dentro para fora, e tudo girando, girando, girando, respiração acelerada e o ar que chegava cada vez mais fraco aos pulmões, meus olhos lutando contra as lágrimas, as mãos na boca tapando o choro contido -
e foi assim que o desespero veio habitar em mim.

Sunday, October 29, 2006

Impregnada, contaminada, possuída.



Todos os dias eu tenho que me convencer que eu não preciso das tuas mentiras pra ser feliz.
E isso é quase um mantra, que repito pelas longas horas do dia que parece não ter fim.
Tua voz ecoa na minha cabeça, lembranças doídas.
Porque até o barulho da minha unha raspando na calça jeans lembra você.
As ruas por onde passo lembram você, nossas conversas e risos.
O estacionamento lembra você, e o dia em que me abraçou chorando, jurando amor eterno.
Vou fugir. Mudar de cidade, estado ou país.
Preciso fugir disso tudo, de você e principalmente, fugir de mim.
Percorri os caminhos que você me indicou.
Agora está difícil fazer o caminho inverso.

Saturday, October 28, 2006

Mentiras e melancolias



Então, um belo dia eu cheguei no fim do caminho.
Literalmente no fundo do poço.
E como no fundo do poço só há espaço pra um, eu te deixei lá.
E pra enxergar um caminho coloquei óculos coloridos.
Café da manhã com anfetamina, pra ter coragem de levantar do meu mundo particular.
Jantar com barbitúrico pra conseguir dormir e esquecer.
Cansei dos olhares piedosos e a vontade de vomitar vem toda vez que tenho que fingir.
Mas isso não me incomoda, porque eu sei que todos sentem o mesmo que eu.
E mentem também. Fingem. Como eu.
Um dia estaremos todos aos gritos, implorando por uma dose exageradamente grande de qualquer coisa que nos faça morrer.
E eu estarei lá, olhando pro chão, tentando entender, enquanto piso na lama, vendo a sujeira entrar entre meus dedos de unhas cuidadosamente pintadas de vermelho.
Peço mais uma dose de algo forte e amargo, pra brindar a tua lembrança.
A música ecoa, equaliza nos meus ouvidos e no corpo todo.
Todos dançam inebriados em suas próprias dores.
Todos mentem e fingem não saber.
E toda aquela lama lá.
Aquela sujeira me incomoda, tenho vontade de ir embora.
Acendo um cigarro.
Vejo que ele está na minha frente, fala, mas não ouço, só vejo seus lábios mexendo e seus olhos azuis olhando os meus verdes.
Sinto sua mão quente tocar minha pele gelada.
Queima.
Ele me oferece proteção.
Mas eu já não quero ser salva.
Agora só a vontade de vomitar me aborrece.

First Day


A vontade de não me importar faz parte de mim novamente.
Posso te ver rastejando, implorando por piedade sem mover um único músculo do corpo.
Minto! Apenas o músculo facial que faz com que um risinho de canto apareça na minha boca. E o outro que faz com que minha sobrancelha direita fique levemente levantada.
Isso faz com que eu fique com uma aparência cruel.
Divirto-me enquanto você sofre.
Aproveito e atiro em você todas as mentiras dilacerantes que você me deu, só pra te cortar e te ver sofrer um pouco mais.
A vodka pura que bebo num gole só tem gosto de água.
Bebo água com limão.
Volto pra pista de dança onde todos se esfregam como num ritual sexual entre animais.
Deve estar tocando Timo Maas.
Todos dançam em busca de um parceiro.
Encontro o meu e nada mais importa, tudo gira e meus lábios estão dormentes.
Ouço minha própria risada que parece feliz. Mas não está.
Sinto o cheiro de ser importante pra alguém, o cheiro clichê do bom comportamento, do glamour.
Sozinha acompanhada é crueldade maior.
E tudo não passa de uma brincadeira de mau gosto.

Thursday, October 26, 2006

E sempre existe um recomeço...

E o Hay de ser locos de repente ficou um tanto estranho, talvez tenha ficado normal, perdeu a razão de ser louco.
Então, comentendo um erro fatal estou aqui.
Pra pensar, pra escrever e vomitar o que me incomoda.