Wednesday, December 27, 2006

Tenho comido tristeza e arrotado felicidade...
Acho que é isso que eles chamam de hipocrisia por aí...

Saturday, December 23, 2006

Amargura Natalina

Eu devia ter olhado melhor pras suas mãos naquele dia.
No dia do reencontro.
Se tivesse olhado bem teria visto que o amor que você me deu não era amor.
Era sofrimento envernizado com uma camada bem fina de “ternura”.
Qualquer um teria reparado a falsificação grosseira.
Hoje sinto me um tanto patética em ter aceitado o seu presente, e por ter insistido tanto numa estória que eu sabia que não tinha sentido.
Reconheço que ninguém me engana tão bem como você.
Mas isso também pouco importa agora.
Sabe o coração que eu te dei?
Faça um picadinho, refogue com cebolas e sirva na ceia de Natal.
Se farte com as minhas dores e ilusões perdidas.
E que você tenha uma baita indigestão.
Eu-que-ro-que-vo-cê-mor-ra. É isso que eu quero.
Ponto.

Tuesday, December 19, 2006

Run!

Te ver assim sem esperar é como levar um soco no estômago.
Saber que andamos pelas mesmas ruas é assustador.
Essa cidade ficou pequena, bem como o mundo e todo o universo são insuficientes para nós dois.
Preciso urgentemente de outra dimensão. Preciso de mais espaço pra esquecer.
Esquecer que metade de mim se perdeu, almas gêmeas separadas, seguindo caminhos opostos que nunca mais se cruzarão.
Caminho sem volta.
Canção triste no meio da tarde ensolarada. Lágrimas que transbordam tomadas de vontade própria.
Ontem foi outro dia. O dia em que eu fui até o inferno por você, e você fechou a porta pra que eu não conseguisse mais voltar. E se foi, partiu. Você fugiu!
É por isso que a porrada seca no meio da minha cara de tonta dói tanto.
É por isso que quando os olhos se cruzam é uma porrada seca no meio da minha cara.
O tempo pára. As cores desbotam, e a vontade de vomitar provoca arrepios.
Tem a duração de frações de segundos, mas a sensação é de que nunca vai terminar.
E mesmo quando acaba ainda permanece.

Thursday, December 14, 2006

Mais uma taça de sangue! Brindemos!

Me chamou pra ver os azulejos novos, e a porcelana da banheira.
Me distrai, e quando dei por mim ele já havia enfiado o punhal nas minhas costas.
Estranhei a dor no começo, mas depois a distingui.
Era a velha dor conhecida há tempos.
Sentei no chão e a poça vermelha começou a se formar ao meu redor.
A dor. A dor era tão grande que parecia que não havia mais nada ali, nem em lugar nenhum, só dor, nem desespero havia, só dor, inundando, tomando conta, invadindo.
Olhei pra porta. Ele já havia ido embora, e dessa vez creio que demorará mais pra voltar. Ou não voltará nunca mais.
Pena ele não ter um revólver.
Talvez eu preferisse não ter sobrevivido.
Continuo aqui, sentada, a poça vermelha me cercando, o frio do azulejo, o gosto amargo na boca.
Sozinha, agora vou esquecendo do seu rosto gradualmente, e conhecendo pessoas novas que soam mais interessantes que a sua presença matinal. Eu converso mais sobre música, sobre bom gosto. Faço piada, e até sorrio daquela forma mentirosa de sempre.
Mas às vezes estranho. E apesar de tudo o que houve eu sinto a sua falta. E me pergunto o que seria de nós se tudo tivesse saído como planejávamos.
Tempo perdido. O tempo não volta.
E eu também não voltaria.
Agora preciso ir...
Tenho que ir ali dar mais corda pra mais um tolo se enforcar.

Wednesday, December 13, 2006

Verdes mares.

Às vezes eu acho que os quinze minutos diários de paz que derivam de todo verde dos teus olhos me são suficiente pra viver.
Outras essa paz parece ser suficiente pra que minha morte seja rápida e indolor.
Tenho certeza de que a tua presença é indispensável para minha felicidade plena, e todas as noites eu me esqueço de você pra rememorar o meu passado.
Eu brindo á você com minha taça de sangue fresco.
Eu brindo á nós três, você, eu e o desgosto que tem nome e endereço.
Eu brindo á mim mesma, á minha loucura e sanidade desconcertante.
Preciso de você, e mesmo assim invariavelmente te dispenso pra viver essa dor que nem dilacerante mais é.
É que me acostumei com aquela amargura que me foi oferecida.
Um dia quem sabe desaprendo a sofrer, e te deixo ficar, assim, com todo esse verde dos teus olhos. Só pra me fazer feliz outra vez.

Sunday, December 10, 2006

- Garçom! Me traga um coração bem quentinho. Sabe o que é? É que hoje estou me sentindo meio assim, meio morta sabe? Ah! E pra beber uma garrafa de lágrimas. Com gás e limão, por favor.

Wednesday, December 06, 2006

Por um momento mais feliz!

(Para Nino Felds)

Mais felizes mesmo são aqueles que estão sempre chegando a algum lugar, ainda que, por isso, tenham que deixar outro. Não que não se sinta saudade, não mesmo. Ela fica sempre ali, cutucando o lado de dentro pra mostrar que o que é importante fica vivo. No final, ou no começo, quem sabe, o adeus acaba virando aceno e mais um encontro acontece. Muito bom te (re)ver pelo mundo, sigo dizendo, contemplando abismada as surpresas previsíveis da vida.


E nem mais uma palavra sobre meus temperamentos incontidos...
Só mesmo uma puta pra beijar o noivo no dia do casamento.

Tuesday, December 05, 2006

Avalanche


A tristeza toda acumulou e despencou de uma vez em choro.

Lágrimas pesadas, que machucam a cabeça, marcam o rosto, têm gosto ruim.
Estou completamente sem lugar, sem ação, sem companhia.
Saí de casa e não me encontrei, voltei pra casa e piorou.
Engoli uma comida molhada para não desmaiar, mas ela desceu contra a vontade do meu corpo.
Vontade mesmo era de me contorcer inteira e voltar para o útero da minha mãe, mas nem mesmo ela aqui estava pra me acolher.
Não queria dormir, não queria ouvir música, não queria falar, só que o silêncio e o tempo correndo me angustiavam mais ainda e me vi batendo com a cabeça na parede.
Senti raiva da minha incapacidade, senti raiva por ter que justificar meu rosto inchado no dia seguinte, senti raiva por querer sumir do mundo e senti mais raiva ainda por querer que as pessoas sentissem falta de mim.
Os dias que se passaram me fizeram um mal que só eu conheço e, mesmo assim, não conheço bem.
Pras outras pessoas, os meus dias foram irrelevantes e elas imaginam que eu estive aqui sendo eu mesma como sempre fui: uma pessoa feliz, sem motivos pra reclamar.
Com isso, vem um sentimento de culpa pela tristeza aparentemente infundada, como se eu não tivesse direito de senti-la.
As horas perdidas com ela serão cobradas, mesmo que somente por mim, e fico mais triste e com mais raiva.

Saturday, December 02, 2006

E? (...)

Ela nunca foi de dividir.
Dialogava consigo mesma, se resolvia e ia, sem nem avisar.
Tinha gente que queria, tentava e ela não dizia.
Sentia, só pra ela, sozinha.
Nem desconfiava, mas o agora dono do frio-na-barriga sabia.
Só ele via, nos olhos dela, o que é que ela queria.
Chegava perto e ela tremia, soltava um sorriso frouxo, falava menos ainda e fingia.

Que há, minha menina?
Desorientada, nada, respondia.
Na verdade, o que havia era indizível...

Ele correspondia.




... nova chance de ser feliz...