Thursday, June 07, 2007

A noite das impossibilidades


No exato momento em que ela virou o último gole do capuccino, e se encaminhava para a sala de embarque, o aviso de que o vôo iria atrasar devido ao mau tempo fez com que seu castelo de areia desmoronasse.
Seu plano de chegar a tempo de encontrá-lo acabava de ser destruído.
Droga de chuva, droga de tempo, droga de vida.
Não tinha muito que fazer a não ser esperar que uma boa notícia ecoasse pelos alto-falantes do saguão de espera.
Neste meio tempo, o negócio era distrair a mente. Observar as pessoas, pensar em outras coisas, qualquer alternativa que fizesse com que aquela ansiedade e taquicardia passassem.
Em vão tentou imaginar o cenário de um filme, lembrar uma peça de teatro, tentou adivinhar o que as pessoas carregavam em suas valises.
Imaginou todas as possibilidades que se dissipavam com as gotas grossas da chuva, as palavras imaginadas que não seriam ditas, nem ouvidas, pelo menos não naquela noite.
De repente uma tristeza profunda tomou conta de si, e ela teve a sensação de morrer, sua vida se esvaindo, teve pena de si mesma...
Se tivesse que tocar uma música neste momento seria “Stella was a diver and she was always down” do Interpol.
Seu desejo neste momento era se chamar Stella.
Ou qualquer outro nome, não importava.
O tempo corria, e já era tarde demais...
Queria chamar-se Alice, e regressar ao País das Maravilhas.
Mas isso não foi possível, não nesta noite.
E Alice então adormeceu, no saguão de espera, logo após que uma lágrima grossa rolou pelo seu rosto.



Por que vontade é uma coisa que da e passa, mas nem sempre é assim...
Por que nem todos os seus desejos podem ser realizados.
Por que tudo pode ser interpretado de várias maneiras.

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