Sunday, February 11, 2007

Depois que amadureceu e que decidiu não mais se matar, foi-se embora inspiração. Deixava então de ser uma sofredora diletante para tornar-se uma aduta

O sol brilhou na manhã seguinte depois da sétima vez que você me matou.
Eu acordei e o gosto metálico de sangue continuava na minha boca.
Eu pensei umas três mil quatrocentas e noventa e sete vezes como você foi capaz de fazer isso comigo.
Mas na verdade eu nem estava tão surpresa assim.
Você é sempre tão previsível que eu sabia que cedo ou tarde eu sentiria o punhal entrando nas minhas costas nuas.
Então, quando tudo aconteceu nem doeu tanto.
Creio que agora, vendo as tuas costas despidas, enquanto seguro o punhal com minhas mãos trêmulas, sentindo a carne rasgando e os filetes de sangue escorrendo devagar, pra se encontrarem no chão formando a poça maior a dor deva ser imensa.
Não, essa dor não é minha, é sua.
Tomara que doa, que doa muito.
Ninguém joga o meu coração no chão assim.
Embora hoje eu nem precise mais de um coração.



**Vou publicar todos os textos que eu tenho guardados.
O conteúdo destes textos nãoi condizem necessariamente com minha situação psicológica atual.
O título deste post é uma citação de Fernanda Young, que me fez pensar que realmente decepção não mata, mas te ajuda a amadurecer.**

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